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Povo

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Localização 

Mapas

 

Fonte: Folheto informativo sobre Educação Indígena em Aracruz produzido pela Prefeitura Municipal de Aracruz por meio de sua Secretaria Municipal de Educação (SEMED).

 

Imagem "aldeias tupinikim" 

http://temaindigena.blogspot.com.br/2011/03/mapa-das-terras-indigenas-do-espirito.html

 

 

População

De acordo com o Censo Demográfico de 2012 da Funai, somos uma população de 340 famílias na aldeia Caeira Velha, nossa aldeia-mãe; 128 famílias na aldeia Irajá; 136 famílias na aldeia Pau Brasil; 29 famílias na aldeia Areal; e 117 famílias na aldeia Comboios. No total, somos 750 famílias vivendo nas aldeias, mas cerca de 30% dessas pessoas não são indígenas.

 

 

Língua

Nossos ancestrais falavam o Tupi antigo – o Tupinambá – que é hoje considerada uma língua morta, extinta. Com a colonização e a implantação da obrigatoriedade da língua portuguesa fomos proibidos – muitas vezes com ameaças de prisão e violência física – de falar nossa língua nativa. Os últimos velhos que ainda falavam Tupi em nossas aldeias – falecidos há cerca de 30 anos – tinham medo ou vergonha de falar e não transmitiram esse conhecimento às nossas gerações. Hoje, falamos apenas o Português.

A partir de 1995, conseguimos implantar em nossas escolas a Educação Escolar Indígena. A nossa escola propõe um ensino diferenciado e bilíngue e, para nós, ela é um meio para a revitalização da nossa língua e tem sido também um instrumento de revitalização da cultura Tupinikim.

 

Território

No passado, antes da chegada dos colonizadores portugueses, nosso povo ocupava uma longa faixa de terra da costa brasileira. Com o trabalho de catequização dos Jesuítas, fomos reunidos em aldeamentos no Espírito Santo e, em 1610, nosso território começa a ser delimitado, com a criação de uma sesmaria cujas terras foi registrada em nome dos índios. A partir desta época, fomos progressivamente perdendo território até o ponto de ficarmos limitados a 40 hectares de terra, na década de 1970, no auge da monocultura de eucalipto implantada na região pela multinacional Aracruz Celulose (atual Fíbria), que invadiu nossas terras.

Das seis léguas em quadra de terra da sesmaria a que legalmente teríamos direito – o que equivaleria a uma área que abrangeria hoje seis municípios – recuperamos 18.027 hectares, conforme pode ser visto no mapa abaixo. Hoje, o povo Tupinikim está concentrado no litoral norte do Estado do Espírito Santo, no município de Aracruz. Na Terra Indígena Tupinikim e na Terra Indígena Comboios estão distribuídas cinco aldeias Tupinikim: Caeira Velha, Irajá, Pau Brasil, Areal e Comboios. Compartilhamos nossa terra com os Guarani Mbya, que vivem conosco desde o fim da década de 1960 e hoje se encontram nas aldeias Três Palmeiras, Boa Esperança, Olho D’Água e Piraquê-Açu.

 

territorio mapa antigas aldeias tupinikim territorio demarcacoes terras indig estado espirito santo

 

História

Os índios da etnia Tupinikim ocupavam, no passado, uma parte da orla marítima do Brasil. Os nossos antepassados foram um dos primeiros povos a estabelecer contato com o colonizador europeu, o que significa dizer que também fomos os primeiros a sofrer as consequências da colonização. Logo após a chegada dos portugueses, em 1556, fomos reunidos em aldeamentos indígenas fundados por padres jesuítas, para onde índios de outras etnias também foram levados para sermos todos catequizados. São poucas as informações sobre o nosso povo nos séculos XVI a XVII, mas sabemos que em novembro de 1610 uma porção de terras foi registrada em nome dos índios habitantes da Aldeia de Reis Magos, onde estavam nossos antepassados. A sesmaria destinada aos índios tinha seis léguas em quadra de terra que, segundo os pesquisadores de nossa história, equivaleria a cerca de 200 mil hectares, abrangendo hoje total e/ou parcialmente as terras de seis municípios do Estado do Espírito Santo.

São raros os registros sobre os índios do Espírito Santo durante o Período Colonial. Informações sobre a vida do nosso povo serão registradas por viajantes que, na maioria das vezes se limitaram a registrar algumas práticas de subsistência de nossos antepassados. Esses viajantes registraram as atividades agrícolas das nossas aldeias, como o plantio de mandioca e milho; a especificidade da nossa forma de pescar no rio e no mar; a coleta de ovos de tartarugas marinhas e nossa forma de explorar o manguezal do Rio Piraquê-Açu para obtenção de mariscos. Chamou a atenção deles a utilização que os índios faziam do manguezal, desenvolvendo inúmeras técnicas de pesca e coleta de caranguejos e ostras, produzindo cal a partir das conchas desse molusco. Muitas dessas atividades continuam sendo realizadas até o dia de hoje, apesar das dificuldades e limites que enfrentamos em razão da poluição dos rios e manguezais, invasão de nossos territórios e restrições de leis ambientais. Há também uma imagem feita por um pintor que retratou a nossa festa de São Benedito, organizada no século XIX de forma similar à que fazemos ainda hoje nas nossas aldeias.

Destes e outros viajantes, não temos lembrança de suas passagens pelo nosso território. Os nossos velhos recordam, no entanto, da passagem de um viajante ilustre, o então imperador Dom Pedro II. Em seu diário, o imperador conta que visitou a região em 1860, anota vocábulos que aprendeu com uma índia, descreve a festa de Congo e a casaca. Esta última, um reco-reco de madeira com cabeça esculpida, que utilizamos até hoje em nossas festas, chamou atenção do então imperador a ponto de merecer um desenho em seu diário, como na imagem abaixo. Na memória de nossos velhos, sua passagem é narrada para ratificar a posse dessas terras aos índios. Os velhos nos contam que D. Pedro II confirma a posse dessas terras aos índios e leva para o Rio de Janeiro uma mulher Tupinikim.

Depois disso, não há registros históricos ou documentais sobre o nosso povo, a não ser alguns relatórios do então Serviço de Proteção aos Índios (SPI), a partir de 1910, sobre nossa presença na região. Fomos descritos como “índios mais ou menos civilizados” ou “selvícolas em estado de semi-selvageria”. Para esta época, a memória de nossos velhos relata a presença de muitas famílias dispersas, vivendo distantes umas das outras, em um grande território coberto por uma densa mata nativa, zonas de restingas e manguezais. Festas, rituais religiosos, trabalho mútuo, trocas comerciais eram realizados pacífica e amigavelmente pelas famílias dos diversos locais desse território. Embora muitos de nós estabelecêssemos relações comerciais com a cidade para a venda de pescados, cal, gamelas, esteiras, remos, peneiras, samburás, tínhamos uma forma de produção econômica independente, no qual trocávamos produtos entre as famílias: a caça, a pesca e a farinha de mandioca, principalmente.

A partir dos anos 40, quando a Companhia Ferro e Aço de Vitória (COFAVI) começou a devastar nossas matas para produzir carvão vegetal, este cenário começa a se transformar. Passamos a conviver com posseiros e a ver o início da destruição da mata nativa. Em 1967, a multinacional Aracruz Celulose – hoje Fíbria – é implantada na região e tem início a derrubada sistemática de milhares de hectares da floresta original, que foi sendo substituída pela monocultura do eucalipto, visando à produção de celulose.

Nesta mesma época, no final de década de 1960, recebemos em nossas terras um grupo de Guarani-mbyá, que permanece conosco até os dias de hoje. No final da década de 1970, nós vivíamos espremidos em 40 hectares de terra. Acuados em nosso território, cercados por eucaliptos e vivendo em condições de escassez, nós – e também os Guarani Mbyá, que passaram a viver conosco – iniciamos uma luta pela demarcação da terra indígena.

Hoje, a maioria de nós sobrevive como assalariados nas zonas urbanas. Nossa produção agrícola foi profundamente prejudicada pelo desgaste das terras exploradas durante 40 anos pela monocultura do eucalipto. Os rios e os mangues também foram afetados nesse processo de destruição ambiental e não conseguem mais responder às nossas necessidades, assim como o pouco de mata que restou, que é insuficiente para a subsistência das nossas famílias – sem contar as rígidas legislações ambientais que nos impede de por em práticas atividades econômicas tradicionais. Atualmente, vivemos em cinco aldeias espalhadas por 18.027 hectares de terra e estamos envolvidos em trabalhos e recuperação ambiental e revitalização de nossa cultura.

historia
   

Organização Indígena

 

Entidade Cocar

Fundada em 2010, na aldeia Caieira Velha, o Cocar (Centro Organizacional Cultural Ambiental Recreativo), “tem por missão trabalhar pela organização, proteção, preservação, conservação, recuperação e manejo sustentável do meio ambiente, do patrimônio histórico, artístico, cultural e paisagístico, visando à melhoria da qualidade de vida dos povos Indígenas do Espírito Santo”. 

 

 

 


Casa das Mulheres, também chamada de Casa da Cultura Tupinikim, na aldeia Caieira Velha  Casa das Mulheres, também chamada de Casa da Cultura Tupinikim, na aldeia Caieira Velha

 


   

 

 

    

 

 

Associação de Pescadores e Catadores Indígenas, na aldeia Caieira Velha

                       Associação de Pescadores e Catadores Indígenas, na aldeia Caieira Velha

 

 

 

 

 

  

 

Cabana para venda de artesanato na aldeia Irajá

 

 

 

 

 

 

 

 

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